por Sokrates Papageorgiou

A internet bombardeia o usuário com uma gigantesca quantidade de informações, textos e imagens jorram dos monitores de maneira agressiva. Somos obrigados a absorver todos aqueles bytes de informação, processar e responde-los de alguma forma, seja rejeitando, curtindo ou compartilhando. Existem muitos estudos sobre o assunto (mais informação!), cientistas tentam entender como esse novo modo de se comunicar vem afetando o ser humano, seja fisiológica ou socialmente. Basta dar um Google e aguardar os resultados.

A Necessidade da Simplificação

O excesso de informação está achatando o mundo, a overdose de conteúdo e a urgência em reagir à eles está mexendo na nossa capacidade de refletir sobre as coisas, somos obrigados a articular nossas questões em 140 caracteres, a compartilhar textos sem termina-los de ler. As pressões que a hiper conectividade impõem sobre a sociedade obviamente afetam o Design, de maneira significativa. Eis o Flat Design! Formas básicas, com poucas marcações de volume, cores fortes e malhas rígidas de construção.

Não há tempo a perder e a simplificação se torna a palavra de ordem, qualquer sujeito tem que decodificar a mensagem visual o mais rápido possível. Para tanto as formas são reduzidas ao extremo e quase todos os volumes são retirados, restando apenas quadrados, círculos, triângulos chatos. Como a imagem estará em luta direta pela atenção social, resta às cores o trabalho sensacionalista, berrando quase literalmente por atenção.

O mundo exige velocidade, e a velocidade exige do Design clareza na comunicação, na forma, coloca a subjetividade em segundo plano e achata a interação humana. Não há mais tempo para a reflexão, para a contemplação, e a complexidade da vida vai evaporando lentamente, levando com ela a imaginação e a expressão, deixando para trás apenas o chato mundo objetivo.

Sintoma: Flat Design

O flat design é um sintoma, uma reação às demandas de um mundo que corre sabe-se lá para onde. Em uma sociedade em que tempo é dinheiro, e o tempo está cada vez mais escasso, ninguém pode se dar ao luxo de passar alguns minutos contemplando uma matéria diagramada por David Carson. Os cérebros estão cansados e descansando se alienam, curiosamente absorvendo mais informação. O inferno budista!

O mundo está perdendo profundidade, as reflexões devem acontecer por espasmos, as respostas precisam estar prontas e não há tempo de prepará-las. Nosso campo visual não enxerga mais o horizonte nem os detalhes, paramos em algum ponto médio que não define e nem deforma. Articulamos pensamentos curtos, respostas reativas e preconceituosas. Tudo está achatando, seria ingenuidade pensar que o design escaparia… O mundo está flat.

Questionamentos Para Um Mundo Flat

Importante notar que a questão não está no gosto individual, existem ótimos trabalhos em flat design, assim como outros horrorosos, e este se apresenta como um incrível laboratório cromático e formal, que deixaria Kandinsky intrigado. A ideia é pensar o design como atividade política, que responda às demandas sociais e econômicas. A pergunta que tento levantar é: Como a nova era da comunicação está afetando a produção cultural de massa? Como o Design está reagindo às pressões do excesso de informações? Qual é o dano que a simplificação causa na comunicação humana? Muitas perguntas e poucas respostas.