O tema do primeiro podcast do Desgin 24 horas foi “Aprender na Internet”, onde discutimos sobre como as pessoas podem utilizar a internet como ferramenta para aprendizado.Em determinado ponto do podcast falamos que ao aprender na internet, manter foco é uma das principais dificuldades, pois existem inúmeros atrativos que podem tirar (e de fato tiram) a concentração.
 


Num vídeo muito interessante, o Epipheo (canal do YouTube que compartilha epifanias dos maiores líderes pensadores do mundo) entrevistou Nicholas Carr, autor do livro “A Geração Superficial: O que a Internet Está Fazendo com Nossos Cérebros”, disponível em Português.
 
Com uma animação muito criativa, Nicholas Carr toma a frente da narrativa informando que as atividades simultâneas na internet estão afetando nosso cérebro, principalmente a memória, e nos tornando “superficiais”.
 
Multitarefas diárias
Atualmente vivemos de forma no mínimo maluca.

Todos os dias, a maior parte da população brasileira acessa páginas de notícias, vê algo interessante, compartilha no Facebbok, compartilha no Twitter, o que gera uma discussão. Um amigo responde com outro link de notícia, você curte e compartilha ao mesmo tempo em que está vendo seus e-mails e vídeos no YouTube. (não necessariamente nessa ordem)

Esta intensa atividade na internet, segundo Nicholas Carr, está nos tornando mais superficiais como pensadores.

O ambiente criado pelo avanço da internet é muito complexo e possui um nível informativo elevadíssimo. Temos à nossa disposição textos, vídeos, músicas, imagens, de um modo automático 24 horas por dia, sete dias por semana. Mas isso pode ser perigoso, pois afeta o foco em nosso pensamento, que afeta por sua vez diretamente a memória.

“Atenção é a chave, e se nós perdemos controle de nossa atenção ou estamos constantemente dividindo nossa atenção, então nós não aproveitamos realmente o processo de consolidação da memória.” Nicholas Carr

Consolidação da memória
Este termo é utilizado para definir a transferência de informação de nossa memória a curto prazo para a memória a longo prazo. Tudo o que você sabe é o resultado das informações que chegam à memória a longo prazo e que realizam conexões com outras memórias.

Na prática o que acontece é o seguinte:

Você está estudando um determinado assunto, quando de repente ouve um sinal sonoro dizendo que você recebeu um e-mail, ou algo aconteceu no Facebook. Se isso ocorre inúmeras vezes a sua atenção foi comprometida, o que também comprometerá a transferência de informação e as relações da memória a longo prazo.

Hoje podemos simplesmente fazer uma rápida pesquisa no Google e pronto, ali está a informação que precisávamos. Se esquecemos de algo, não há problema, dê uma “Googada” e está tudo certo.

Este processo, segundo o autor do livro, nos faz pensar do modo como os computadores fazem. E isso é bom? Claro que não.
Se não trabalhamos de modo a aprimorar e agregar mais conhecimento e relações à nossa memória a longo prazo, estamos condenados a ser cada vez mais dependentes do Google.

De fato, se pensarmos em uma personalidade como Albert Einstein, não nos espanta que ele passava horas, até mesmo dias, se concentrando num único problema. Einstein costumava ficar sentado na poltrona de seu apartamento, às vezes andando de um lado para outro apenas pensando.

“Eu realmente acredito que se olharmos para os grandes monumentos da cultura, percebemos que eles vêm de pessoas que eram aptas a prestar atenção, que controlavam suas mentes. Isso é o que nos permite pensar nos níveis mais elevados, a pensar conceitualmente, criticamente, de um modo criativo. Nicholas Carr

A internet é muito boa, sim!
O propósito do vídeo e do livro não é falar mal da internet, mas apenas conscientizar as pessoas de que cada um precisa cuidar de sua mente.

Você pode, sem problema algum, continuar a navegar na internet e fazer diversas coisas ao mesmo tempo. Não se preocupe, você não estará prejudicando sua mente contanto que tenha o seguinte cuidado:
 
PARE
 
Sim, pare um pouco por dia, transorme isso num hábito. Fique longe da internet e do celular por algum tempo todos os dias e dedique esse tempo para abstrair, para pensar em você mesmo, ler um livro, fazer um desenho, uma pintura, escrever uma poesia.

Faça coisas do tipo, mas sem ficar ansioso para saber se aquele seu post recebeu muitos comentários e curtidas, se seu artista favorito postou algo no Twitter, se alguém mandou mensagem para o seu celular, etc.

Todos os seus e-mails, mensagens e postagens estarão lá quando você voltar.

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