Afinal, quem é Dieter Rams?



Nascido poucos anos antes da segunda guerra mundial, em Wiesbaden. Rams foi fortemente influenciado por seu avô que era um carpinteiro. Tal influência o levou a ganhar alguns prêmios de carpintaria que serviram como um formação para ajudar a reconstruir a Alemanha pouco antes da década de 50.

Através da indicação de um amigo, Rams se candidatou à uma vaga para trabalhar na Braun, empresa que pretendia modernizar aparelhos eletrônicos.

Na mesma época em que Rams começou a trabalhar na Braun, ele foi protégé (um tipo de aprendiz) da escola de design ULM (“sucessora” da Bauhaus). Acredito que alguns de vocês a conheça, caso contrário, procurem sobre ela, é uma grande referência para nós, designers.

O importante para se saber agora, além dessa breve introdução da vida de Dieter Rams, é que na escola ULM ele desenvolveu o design prospectivo dos produtos da Braun. Falar desse período me obrigaria a estender em vários outros nomes e assuntos, então deixarei alguns links ao final deste post para um estudo aprofundado.

Os 10 princípios do bom bom design

Em 1970 Rams passou a ficar incomodado com o mundo em volta dele, claro que à essa época ele já tinha um grande repertório como designer. Rams definia esse incômodo como uma “impenetrável confusão de formas, cores e ruídos.”. Então ele se perguntou: O meu design é um bom design?

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Concluindo que o design não pode ser avaliado por uma quantidade finita de critério, Rams decidiu falar sobre as 10 coisas mais importantes para se criar o chamado “bom design”, mas pretendo falar apenas de uma delas aqui, a qual acredito que foi mal interpretada todo esse tempo.

É, talvez seja bastante audacioso falar disso, mas esse não é o tipo de texto que vai ajudar a decorar a sua sala, na verdade eu pretendo cerrar as pernas das suas cadeiras.

O bom design é o mínimo de design possível

Quando Rams disse que o BOM design era o MÍNIMO de design possível ele, provavelmente, não estava falando para você tirar todas as cores do seu trabalho, todos as fontes ou todas as peripécias visuais. Não é só porque essa foi a forma de criar produtos que ele achou ideal para a Braun e, mais para frente, para a Vitsœ, que temos que imita-lo.

Vejamos bem, Rams foi bastante claro quando disse que deveríamos usar o mínimo de design possível, mas às vezes o mínimo é muito. Isso não quer dizer que deixou de ser o “mínimo”. Não é exatamente “menos design” mas sim o “mínimo de design”.

Sendo mais claro, deixarei aqui algumas imagens de referência onde o minimalismo foi aplicado em produtos do nosso dia-a-dia e que, pouco a pouco, as informações foram retiradas de seus rótulos até que elas deixaram de cumprir sua PRINCIPAL função como produto: Ser desejável para o público.

Talvez alguma destas embalagens até funcionassem melhor, mas não podemos simplesmente sair por aí e tirar todas as características visuais de um produto por acreditar que, dessa forma, ele é um bom design apenas sendo minimalista ou por usar “menos design”. Alguns públicos querem as coisas ricas em informação e cores, quer um exemplo? O público infantil. Apesar da publicidade infantil ter sido recentemente proibida, as embalagens de doces e brinquedos são gritantes para chamar a atenção do desejo da criança e fazer com que ela role no chão até sair da loja com aquilo embaixo do braço.

Não é diferente conosco, nós também consumimos dessa forma e, claro, algumas pessoas preferem consumir o que é minimalista e, nesse caso, ele é muito bem vindo. Mas não deve ser usado em todos os contextos. O projeto deve ser muito bem avaliado para, aí sim, estudar qual será o padrão estético aplicado àquele produto (seja ele físico ou não).

Por isso quando Dieter Rams disse que “o melhor design é o mínimo design possível” ele não sentenciou a morte aos produtos mais chamativos, coloridos e extravagantes.

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Imagens feitas pela Antrepo4 que exemplificam a má interpretação do “mínimo de design possível”.

 


Para estudos aprofundados deixo aqui alguns links que serviram de referência e também inspiração para a criação deste artigo: